Distribuição
dos recursos hídricos no Alentejo
A bacia hidrográfica do
rio Guadiana abrange uma superfície total de 66 800 km², dos quais 55 220 (83%)
em Espanha e 11 580 (17%) em Portugal. É a quarta maior bacia hidrográfica da
Península Ibérica, depois das bacias do Douro, Ebro e Tejo.
O rio Guadiana nasce nas lagoas de Ruidera em Espanha, a 1700 m de altitude, desenvolvendo-se ao longo de 810 km até à foz, no oceano Atlântico, junto a V. Real de Sto. António. Em Portugal, o rio tem um desenvolvimento total de 260 km em Portugal, dos quais 110 km delimitam a fronteira.
Figura 1 - Bacia Hidrográfica do Guadiana
O perfil longitudinal do rio apresenta-se, de um modo geral, muito regular, existindo contudo alguns acidentes importantes, sendo os mais notáveis a larga planície aluvial onde o rio se alarga, entre Mérida e Badajoz.
A bacia do Guadiana
apresenta uma forma comprida e estreita, de direção geral E-W em Espanha e
direção N-S em Portugal. A bacia nacional do Guadiana encontra-se delimitada a
Norte pela bacia do rio Tejo, a Sul pelo Oceano Atlântico, a Este pela
fronteira e a Oeste pelas bacias dos rios Tejo, Sado, Mira e Arade,
estendendo-se pelas unidades morfoestruturais correspondentes ao Maciço Antigo e
à Orla Meridional Algarvia.
A rede hidrográfica
pode classificar-se como muito densa, apresentando, regra geral, as vertentes
dos cursos de água formas retilínea ou complexa (rectilínea/convexa ou convexa/côncava)
e os vales encaixados. O rio Guadiana é o coletor principal dos cursos de água
do Alentejo Oriental, do território espanhol contíguo e dos cursos de água da
vertente NE da Serra do Caldeirão. Sob o ponto de vista morfológico, a bacia
pode dividir-se em três zonas distintas: Alto, Médio e
Baixo Guadiana.
A nossa região está
inserida no Baixo Alentejo, que corresponde, essencialmente, à parte portuguesa
do rio, entre a cota 200 e a foz, incluindo ainda a bacia espanhola do Chança.
A bacia, constituída por um substrato hercínico parcialmente revestido por
depósitos quaternários e terciários, forma uma peneplanície cortada por raros
acidentes de reduzida expressão (maciços de Sousel e Monsaraz, serras da Ossa e
Portel), exceto no seu bordo sul, à entrada no Algarve. Os solos,
essencialmente derivados de xistos, são geralmente pesados, apresentando
frequentemente problemas de drenagem. São atualmente regados, ou estão em vias
de ser equipados, cerca de 50 000 ha, dos quais 45000 em Portugal e 5000 em
Espanha (Chança), embora a capacidade de armazenamento disponível em Portugal
não consiga assegurar uma garantia de abastecimento conveniente. Futuramente,
prevêem-se regar nesta zona da bacia cerca de 140 000 ha, dos quais 110 000 em
Portugal e 30 000 em Espanha.
Sob o ponto de vista
climático a bacia é globalmente bastante homogénea, de características mediterrânicas
secas, com verões quentes, alta insolação e evapotranspiração elevada. Os invernos,
relativamente rigorosos na zona alta, suavizam-se consideravelmente para jusante.
A temperatura média anual é em quase toda a bacia próximo dos 16°C.
Nos meses mais quentes
(Julho/Agosto), a temperatura média do ar varia entre 24°C junto ao mar, 26°C
na zona fronteiriça e 28°C em Ciudad Real. No mês mais frio (Janeiro), a
temperatura média do ar ronda 9°C na bacia, verificando-se junto do mar 11ºC e
8,5ºC na zona de Portalegre e Elvas. A precipitação média anual sobre a bacia é
de 550 mm (561 mm em Portugal e 540 mm em Espanha), variando entre um mínimo de
350 mm na zona central da planície da Mancha e de 450 mm na zona de Mértola e
Moura e um máximo ligeiramente superior a 1000 mm na cabeceiras do Ardila, do
Odeleite e do Caia, em termos globais, a distribuição da precipitação anual
média é bastante uniforme, estando normalmente compreendida entre 500 e 600 mm.
A distribuição
interanual da precipitação é também extremamente irregular, descendo a 386 e a
422 mm em anos secos e subindo a 722 e 766 mm em anos húmidos. No que se refere
à distribuição mensal da precipitação, toda a bacia é afetada por um período estival
com quase total carência de chuva. Em média mais de 80% do total anual da
precipitação ocorre no período Outubro-Abril.
A evapotranspiração
anual de referência varia entre 1200 mm em Contenda e Vila Real de Santo
António e 1300 mm em Ameixial, Castro Verde e Beja. O regime de escoamentos do
Guadiana, afluentes e subafluentes caracteriza-se pela variação interanual e
intranual acentuadas dos escoamentos, com severas secas, que transformam
durante meses os leitos em caminhos pedregosos, muitas vezes desprovidos de
qualquer escoamento superficial.
Infraestruturas
na bacia hidrográfica do Guadiana
Na bacia hidrográfica
do rio Guadiana foram inventariadas 4814 infraestruturas.
Face às características
das infraestruturas, estas foram agrupadas do seguinte modo:
• infraestruturas
hidráulicas (que incluem as barragens e outras infraestruturas associadas
diretamente à utilização e proteção dos recursos hídricos, com exceção das
infraestruturas de saneamento básico);
• infraestruturas de
saneamento básico (que incluem as infraestruturas associadas aos sistemas de
abastecimento de água e de águas residuais);
No que se refere às
infraestruturas hidráulicas foram cadastradas 2542 infraestruturas, que se
distribuem pelos seguintes tipos:
Relativamente às infraestruturas de saneamento básico foram cadastradas 2237 infraestruturas, que se distribuem do seguinte modo:
Barragens
Das infraestruturas
hidráulicas, as barragens são as que ocupam o domínio hídrico, com maior
relevância para o Plano de Bacia Hidrográfica, dado que o armazenamento de água
nas suas albufeiras permite a regularização de caudais e o suporte à vida.
Neste sentido, foi feita a classificação das barragens cadastradas de acordo
com a capacidade de armazenamento das suas albufeiras.
Desta análise, ressalta o contraste, entre as
mais de 1700 barragens de pequena dimensão (capacidade total de armazenamento
de 11 hm3) e as 12 barragens de maior dimensão (incluindo as barragens em
construção), que totalizam uma capacidade de armazenamento de 5066 hm3.
As barragens de média
dimensão apresentam uma capacidade total de 63 hm3. As albufeiras de maior
dimensão (capacidade de armazenamento superior a 10 hm3) são, de Norte para
Sul, as de Abrilongo, Caia, Lucefecit, Vigia, Monte Novo, Alqueva, Enxoé, Pedrógão,
Chança, Cerro do Lobo, Odeleite e Beliche.
Figura 2 - Barragem do Alqueva
Infraestruturas
de saneamento básico
As infraestruturas de
saneamento básico estão agrupadas em sistemas de abastecimento de água e
sistemas de águas residuais. No que se refere ao abastecimento de água, os
sistemas de abastecimento na bacia do Guadiana permitem o fornecimento de água
à maioria da população. A médio prazo deverão ser tomadas medidas no sentido de
melhorar a qualidade do serviço do abastecimento de água às populações, o que
poderá passar por utilizar águas superficiais em vez de águas subterrâneas, reduzir
o número de origens, para melhor controlo da qualidade da água e melhoria dos
sistemas de tratamento de água.
Nos concelhos de
Mértola e Serpa está prevista a utilização da albufeira de Enxoé, como origem
de água dos seus sistemas de abastecimento de água. Nos restantes concelhos, o abastecimento
de água tem passado por agrupar pequenos sistemas, passando a uma crescente utilização
de águas superficiais em vez de águas subterrâneas. No que se referem aos
sistemas de águas residuais, existem ainda pontos de descargas de águas
residuais nas linhas de água, sem qualquer tratamento (53 entre 196 pontos de
descarga). É de referir que existem 178 redes de drenagem e 64 ETAR e 74 fossas
sépticas.
Figura 3 - Barragem do Enxoé
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