quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Recursos Hídricos Em Portugal

Portugal localiza-se no extremo sudoeste da Europa, fixado entre a Espanha (5 vezes maior em superfície) a Norte e a Este, e o Oceano Atlântico, a Oeste e a Sul. O Mar Mediterrâneo, apesar de não banhar Portugal, exerce a sua influência principalmente através do clima, a que atribui características únicas. O Clima de Portugal é Mediterrâneo, distinguindo-se pela existência de Verões quentes e secos, pela suavidade dos Invernos e evidencia 4 estações do ano, típico dos Climas Temperados.
No território português, estas características Mediterrâneas variam de intensidade consoante a proximidade ao Oceano Atlântico, regulador do clima, amenizador de temperaturas e fornecedor da humidade transportada pelos ventos vindos de Oeste. A temperatura e a duração da estação seca aumentam de Norte para Sul e de Oeste para Este, enquanto a precipitação se concentra nas áreas próximas do litoral, nas terras altas e nas fachadas expostas aos ventos oceânicos. Nas áreas onde a temperatura é mais elevada, a evaporação é também mais elevada, refletindo-se numa menor disponibilidade de água. Para além disso, há outros fatores que determinam as condições climáticas de Portugal, principalmente a precipitação.
A repartição da precipitação em Portugal é comandada por dois fatores principais: a Latitude e o Relevo. A Latitude determina a duração anual do período durante o qual o país é pelas chuvas.
O Relevo, através da altitude e da exposição aos ventos húmidos, comanda a intensidade de precipitação.

A precipitação anual média entre os anos 1961-1990 em Bragança foi de 743 mm, enquanto no Porto foi de 1265 mm. Mais para Sul, Portalegre apresenta valores de precipitação de 751 mm e Beja de 586 mm. Coimbra, no Centro Litoral do País, apresenta 1016 mm. Para além destes contrastes espaciais, a precipitação vária ao longo do ano, com a existência de meses secos no Verão em todo o país, não obstante a duração da estação seca ser variável (Figura 1).  






Os rios do Norte do País, como o Rio Douro, e os que atravessam serras chuvosas, como o Rio Zêzere que atravessa a Cordilheira Central, são mais caudalosos. O Rio Guadiana, que atravessa a planície alentejana, tem um caudal específico muito mais baixo. O Rio Tejo, o rio mais comprido em Portugal, marca a divisão entre o Norte húmido e o Sul seco, que constitui a característica espacial mais peculiar do território português.
A desigual distribuição dos recursos hídricos em Portugal é consequência não só da variabilidade climática como também das características geológicas que servem de suporte ao armazenamento da água.
 
Portugal é um país rico em recursos hídricos potenciais. Possui as áreas terminais de diversas bacias que na Península Ibérica drenam para o Atlântico e, por isso, cerca de 40% das águas de que dispõe provêm de Espanha.
A gestão e a regularização dos seus recursos aquíferos dependem de complicadas negociações com a Espanha, tendo em conta as necessidades presentes e futuras de consumo interno e as disponibilidades económicas e, ainda, os aspetos geográficos.
A agricultura é a atividade mais consumidora de água em Portugal, com 75% do total. O consumo doméstico corresponde somente a 7%.

O estudo dos recursos hídricos inclui questões tão vastas como a qualidade de vida e da saúde, os ecossistemas, a energia, e as relações entre países. A verificação de que os recursos hídricos são finitos enquanto o crescimento demográfico se acentua, causa preocupação a nível dos governos de cada país e de entidades supranacionais. Cada vez mais o crescimento demográfico e o desenvolvimento tecnológico, com o consequente uso e abuso de pesticidas e adubos químicos, de detergentes industriais, provocarão a deterioração da qualidade dos recursos hídricos, superficiais e subterrâneos.

Os recursos hídricos em Portugal, per capita, figuram entre os mais altos da Europa, mas a sua gestão depara com problemas como a sua desigual distribuição no espaço e no tempo e a concentração crescente da população no litoral, o que leva ao consumo de grandes quantidades de água não compatíveis com as disponibilidades locais.

Outro Problema é que boa parte dos recursos hídricos de superfície está dependente em quantidade e qualidade dos recursos que nos chegam de Espanha: atente-se que as bacias do Douro, Tejo e Guadiana têm o seu maior desenvolvimento no país vizinho.
O papel de cada cidadão na gestão das águas é de extrema importância. Em casa e nos jardins privados podemos ter uma ação muito positiva se estivermos conscientes de como poupar água e ao mesmo tempo evitar a sua degradação.

A caracterização hidrológica da região do Alentejo é subdividida por quatro principais bacias hidrográficas (Tejo, Sado, Guadiana e Mira). Sendo que para este projeto vamos dar mais relevância a Bacia Hidrográfica do Guadiana, por ser aquela a que a nossa região se enquadra. 


Figura 2- Bacia Hidrográfica do Guadiana








Figura 3- Bacias Hidrográficas do Alentejo







A bacia hidrográfica do rio Guadiana abrange uma superfície total de 66 800 km2, dos quais 55 220 (83%) em Espanha e 11 580 (17%) em Portugal. É a quarta maior bacia hidrográfica da Península Ibérica, depois das bacias do Douro, Ebro e Tejo.
  
O rio Guadiana nasce nas lagoas de Ruidera em Espanha, a 1700 m de altitude, desenvolvendo-se ao longo de 810 km até à foz, no oceano Atlântico, junto a Vila Real de Santo António. Em Portugal, o rio tem um desenvolvimento total de 260 km, dos quais 110 km delimitam a fronteira.
A rede hidrográfica pode classificar-se como muito densa, apresentando. O rio Guadiana é o coletor principal dos cursos de água do Alentejo Oriental, do território espanhol contíguo e dos cursos de água da vertente NE da Serra do Caldeirão.



Sob o ponto de vista climático a bacia é globalmente bastante idêntica, de características mediterrânicas secas, com Verões quentes, alta insolação e evapotranspiração elevada. Os Invernos  relativamente rigorosos na zona alta, suavizam-se consideravelmente para jusante.
A temperatura média anual é em quase toda a bacia próximo dos 16ºC. Nos meses mais quentes (Julho/Agosto), a temperatura média do ar varia entre 24ºC junto ao mar, 26ºC na zona fronteiriça e 28ºC em Ciudad Real. No mês mais frio (Janeiro), a temperatura média do ar ronda 9ºC na bacia, verificando-se junto do mar 11ºC e 8,5ºC na zona de Portalegre e Elvas.

A precipitação média anual ponderada sobre a bacia é de 550 mm (561 mm em Portugal e 540 mm em Espanha), variando entre um mínimo de 450 mm na zona de Mértola e Moura e um máximo ligeiramente superior a 1000 mm nas cabeceiras do Ardila, de Odeleite e do Caia. Em termos globais, no entanto, a distribuição da precipitação anual média é bastante constante, estando normalmente compreendida entre 500 e 600 mm.
No que se refere à distribuição mensal da precipitação, toda a bacia é afetada por um período estival com quase total carência de chuva. Em média mais de 80% do total anual da precipitação ocorre no período Outono-Abril.